10 janeiro, 2007

A palavra


A palavra é uma estátua submersa, um leopardo
que estremece em escuros bosques, uma anémona
sobre uma cabeleira. Por vezes é uma estrela
que projecta a sua sombra sobre um torso.
Ei-la sem destino no clamor da noite,
cega e nua, mas vibrante de desejo
como uma magnóla molhada. Rápida é a boca
que apenas aflora os raios de uma outra luz.
Toco-lhe os subtis tornozelos, os cabelos ardentes
e vejo uma águia límpida numa concha marinha.
É sempre um corpo amante e fugidio
que canta num mar musical o sangue das vogais.


(António Ramos Rosa)

4 comentários:

Anónimo disse...

É um dom....Que nos limpa a alma....

Anónimo disse...

Palavra ...q tantas vezes se afoga num mar de silêncio...

Danaide

Anónimo disse...

a que morre e mata a que cresce e vive ...



sempre.









B.
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Lilith disse...

Lindo, lindo de morrer mesmo!!! Amei!