05 dezembro, 2006

(ZoeWiseman)



"E de súbito ficas imóvel assim, instantânea de luz, a boca enorme de alegria e os dentes visíveis de sol, e os olhos rápidos de cintilação. Fica-te assim, oh, não te mexas. Tenho tanto que dar uma volta à vida toda. Não te movas. Sob a eternidade do sol e da neve. Uma malícia súbita no teu riso, no teu olhar. Um clarão à volta de deslumbramento. Irradiante fixo. Não te tires daí. Instantâneo da minha desolação. Tenho mais que fazer agora. Não saias daí. A boca enorme de riso, os olhos oblíquos de um pecado futor. Fica-te aí assim, talvez te procure ainda, talvez te escreva uma carta de amor. Daqui donde estou, está uma tarde quente. De amor."

(Virgílio Ferreira)

4 comentários:

manhã disse...

Há momentos assim, as tais fulgurações, sabemos porque as temos mas também porque aqueles que as escrevem com este deleite as fixam.

Bandida disse...

fica.

fica-me.

...




B.
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Anónimo disse...

Hoje apetece-me abraçar-te, dar-te um beijo. Ficar assim sossegada e dar uma volta ao quarteirão como tantas vezes o fizemos em silêncio ou só a dizer disparates!

Hoje apetece-me a tua amizade!

Naeno disse...

Lindo o texto. Mas parece uma poesia.
Adorei, e voltarei aqui o mais rápido que puder.

Um beijo

Naeno